Paz e Mel

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Intenções aos Santos Inocentes, mártires por Jesus



Queridos e amados irmãos e irmãs:

Hoje celebramos uma grande Festa, muito ligada ao Santo Natal do Senhor. Trata-se da Festa dos Santos Protomártires. Mártir é aquele que dá a vida por Jesus. Martírio quer dizer testemunho e é comumente designado para caracterizar o ato pelo qual se testemunha o Senhor Jesus Cristo até o derramamento do sangue. Em homenagem ao sangue derramado, a cor dos paramentos litúrgicos deste dia é o vermelho.

O Evangelho segundo São Mateus narra que sábios do Oriente, chamados de reis magos, na época do nascimento de Jesus, foram até Jerusalém perguntar onde estava o rei dos judeus que acabava de nascer. Herodes perguntou-o aos sumos sacerdotes que responderam estar em Belém, pois a profecia para lá indicava. Herodes informou aos magos e pediu que lhe dissessem, ao retornar, o lugar exato, para ir também adorá-lo. Na verdade, porém, Herodes tinha medo que o Rei que nascia fosse retirar seu reinado e o da sua descendência, pelo que o pretendia matar, enganando os magos. Eles foram a Belém, há poucos quilômetros de Jerusalém, e adoraram o Menino Jesus, porém, foram avisados em sonho para não voltarem a Herodes. Um anjo do Senhor mandou que a Família de Nazaré fugisse ao Egito, em face do que viria. A Escritura o esclarece:

"Quando Herodes percebeu que os magos o tinham enganado, ficou furioso. Mandou matar todos os meninos de Belém e de todo o território vizinho, de dois anos para baixo, de acordo com o tempo indicado pelos magos. Assim se cumpriu o que foi dito pelo profeta Jeremias: 'Ouviu-se um grito em Ramá, choro e grande lamento: é Raquel que chora seus filhos e não quer ser consolada, pois não existem mais'" (Mt 2,16-18 – a história do parágrafo anterior está nos versículos precedentes).

A decisão de Herodes fora absolutamente covarde e má. Ele era o Rei do povo de Israel à época. Israel estava sob o jugo romano. Era Roma quem dominava as províncias palestinas. Ao tempo da morte de Jesus, o governador romano era Pôncio Pilatos. No entanto, os judeus tinham razoável liberdade e, entre eles, pela dinastia, reinava Herodes. Sua vida era suntuosa e fútil; vivia na abundância enquanto a maioria da população trabalhava empobrecida. Não há mal em que um rei seja preservado, o quanto possível, dos sofrimentos cotidianos, desde que cumpra seu papel. Do rei, espera-se que defenda seu povo, que negocie com os outros povos as melhores condições possíveis para seu povo, que se esforce ao máximo para que viva nas melhores condições possíveis. Não era assim Herodes, que, entre orgias e banquetes, desdenhava do povo. Não lhe tinha nenhum cuidado. Ao contrário, preocupava-se unicamente em manter seu bem-estar, sem nenhuma preocupação com a população.

O presente episódio é o cume dessa realidade. Herodes, o rei que deveria proteger seu povo que já vive sob o jugo de outra nação, por medo de perder suas vantagens, manda matar a todas as crianças com menos de dois anos de idade. Veja-se bem o tamanho da crueldade. Imagine-se os soldados do rei, que deveriam proteger o povo, entrando nas casas e matando uma a uma as crianças pequenas, arrancando-as dos braços das mães e dos pais. Se o sangue de Abel, derramado no chão, clamava ao Senhor, quanto mais o sangue dos santos inocentes, mortos por causa de Jesus e pela insanidade covarde e egoísta ao extremo do homicídio, de Herodes. Se a injustiça atrai a ira do Senhor, imagine-se esse terrível massacre dos inocentes.

Para se ter uma idéia de o quão terrível fora a decisão, comparemo-la com a do próprio Faraó egípcio, quando escravizou a descendência de Israel, à época do nascimento de Moisés. O Faraó, que corresponderia na época de Jesus ao Imperador Romano, que não era do povo de Israel, não possuía maiores obrigações com ele, mandou matar, por medo de que os israelitas dominassem o Egito, os recém-nascidos do sexo masculino (cf. Ex 1). Justamente da fuga desse massacre nasceu Moisés. Ora, nem o Faraó chegou a mandar matar as crianças de até dois anos, mas apenas os recém-nascidos. Ambas as decisões são inaceitáveis, covardes, amaldiçoadas, mas a de Herodes é ainda mais traiçoeira.

Os protomártires que morreram por Jesus, diz a Igreja, estão no Céu e intercedem por nós. Roguemos a eles. Neste dia, também rezamos especialmente por todas as crianças inocentes vítimas de todos os tipos de males. Rezamos pelas acometidas de doenças, pelas demasiado empobrecidas, pelas que passam fome e todo o tipo de miséria.

Em nossa sociedade pervertida e cada vez mais afastada da vivência cristã e da fé católica, em que cada vez mais o mal encontra faces mais hediondas e abomináveis, rezamos aos santos protomártires para que intercedam por nós, para que seja dissipada a mentalidade promíscua, que perverte as pessoas e facilita a tantos abusos de índole sexual contra as crianças no nosso tempo. Que, pela intercessão dos santos protomártires, regrida e desapareça a mentalidade que os pedófilos querem espalhar, de que sexualidade aflorada aos dez, oito, cinco anos de idade é natural, bem como o homossexualismo e a pretensa atração de crianças por adultos. Conclamamos todos a rezarem aos protomártires para que rezem para que tais males se afastem de nossa sociedade brasileira e de todo mundo.

Em nossa sociedade tomada pela mentalidade antinatalista, em que os filhos são vistos muito mais como obstáculos ao crescimento profissional, ao gozo da vida, como fonte de gastos e muito menos como a benção do Senhor. Os frutos dessa mentalidade conhecemos bem! O primeiro deles é o aborto, o grande morticínio de crianças, que é o atual massacre de inocentes e atrai a ira divina. A seguir, vemos as tragédias de mães matando os filhos em tenra idade, que dão manchetes nos noticiários. Da mentalidade antinatalista e que só vê crianças como fonte de trabalho, vemos pais agredirem física e psicologicamente os filhos, enquanto na visão cristã, o maior dever de uma pessoa adulta com família é para com ela. Não há tempo mais abençoado ao pai e à mãe do que o dispendido com seus filhos. Por isso mesmo "Os filhos são a herança do Senhor, é graça sua o fruto do ventre" (Sal 127,3). Poucas vezes é dado ao homem experimentar amar e doar-se integralmente, como Deus mesmo o faz, como na condição de pai e mãe. "Quando Israel era criança eu o amava, do Egito chamei o meu filho (...) Sim, fui eu quem ensinou Efraim a andar, segurando-o pela mão (...) Eu os lacei com laços de amizade, eu os amarrei com cordas de amor; fazia com eles como quem pega uma criança de colo e a traz junto ao rosto. Para lhes dar de comer eu me abaixava até eles" (Os 11,1.3a.4).

Aliada, ainda, à mentalidade antinatalista, vemos o progresso da promiscuidade, o afastamento da vida sexual do Sagrado Matrimônio, da santidade da família, de suas funções unitiva e procriativa. Primeiro, segregou-se a relação sexual de sua função procriativa (fruto imediato do antinatalismo). Depois, segregou-se-a da função unitiva, não é mais para promover a santa união do casal dado um ao outro definitivamente pelo Sacramento do Matrimônio. É apenas uma maneira de se extrair prazer, gozo. E, para tanto, como o prazer exige sempre mais, as experiências sexuais vão se pervertendo até os absurdos que hoje vemos como comuns a nossa volta, prostituição, homossexualismo, pedofilia, aparelhos sexuais, sexo grupal...

Por tudo isso, devemos agora pedir um "basta". Oremos ao Senhor, vivamos santamente nossas vidas, jejuemos, mortifiquemo-nos pelo Senhor. Evangelizemos, ensinemos. Amemos, pois a caridade é o vínculo da perfeição. E não deixemos as mentiras do nosso tempo nos mancharem. Atuemos na sociedade para fazermos progredir os valores cristãos. Novamente, oremos a Deus.

Santos mártires inocentes, que destes vossas vidas por Cristo, rogai por nós.

O Senhor saberá dar à nossa sociedade as nefastas conseqüências de todo esse afastamento da vida em Cristo, da mentalidade antinatalista, do aborto, da destruição das famílias, das violências contra crianças.

Nossa Senhora, Mãe de Deus e nossa Mãe, rogai por nós!
São José, Esposo de Maria Santíssima e pai adotivo do Menino Jesus, rogai por nós!
Santos protomártires, rogai por nós.

Seguimos a oração no próximo post.

Forte abraço,

Manoel Guimarães,
Comunidade Paz & Mel.

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