Paz e Mel

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11. O mal no mundo: pecado


Queridos e amados irmãos e irmãs, amigos deste blog da Comunidade Paz & Mel. Finalmente, após concluirmos as meditações sobre o amor do Senhor Deus, passamos a um segundo ponto do querigma. Para iniciá-lo, abordamos as duas ordens mais comuns ou importantes de objeções à realidade do amor de Deus, geralmente encontradas. Essas objeções são encontradas de modo comum e mesmo em pessoas que buscam sinceramente a verdade.

Poderia haver outras, mas concentramos duas ordens principais de objeções, resumidas em dois questionamentos: 1) se Deus me ama, por que não sinto esse amor nunca, ou em muitos ou determinados momentos de minha vida; 2) se Deus ama, por que há tantas coisas ruins, objetivamente más, guerras, fome, incompreensão, torturas, por que Deus as permite, concisamente, se Deus ama por que existe o mal no mundo?

A primeira objeção se torna menos importante, porque subjetivista e, como veremos a seguir, poderá ser englobada pela segunda. De fato, nem tudo que eu sinto ou deixo de sentir é uma realidade objetiva. Por exemplo, por vezes sinto rejeitado por um grupo quando ele expõe uma dificuldade ou defeito meu, mesmo querendo meu progresso. Na verdade, não houve rejeição. A exposição do erro é objetivamente boa e caridosa, porque auxilia a pessoa a superá-lo e a crescer (claro, quando feita com caridade e sem julgamentos). Mas, ainda assim, as pessoas freqüentemente não se sentem bem quando dessa exposição, independentemente da caridade e real acolhida do grupo.

De outro lado, quando a realidade subjetiva reflete a objetiva e a pessoa se sente mal porque foi objetivamente mal acolhida, aí o problema é menos a sensação de rejeição do que a objetiva falta de acolhida. Daí concluímos que o problema mesmo não é o subjetivo, mas o objetivo que o gerou. Retornando as objeções feitas. O problema é que existe o mal no mundo, mais do que o fato de eu o sentir ou não sentir o amor de Deus. Ainda é possível se dizer que mesmo quando a sensação subjetiva não reflete a objetiva (no exemplo dado, eu me sinto rejeitado, ainda que objetivamente não o tenha sido), há aí um problema que é real e objetivamente mal, qual seja, o fato de meu sentimento adulterar a realidade e me fazer sentir mal. Em outras palavras, mesmo quando o mal subjetivo não decorre de um mal objetivo correspondente (no exemplo, sensação de rejeição e rejeição objetiva), há um mal objetivo que é justamente essa dicotomia entre sentimento e realidade.

Tendo concluído que a segunda objeção (o porquê do mal no mundo) ser mais importante que a primeira, é de se dizer que a causa das duas é a mesma. Para esclarecê-la, começamos dando conta de que, em parte, a resposta está na pergunta. O mal existe no mundo porque é mau. Deus é bom e o mal não vem dEle. Deus não quer o mal e em nada se beneficia dele. No entanto, tendo criado as criaturas racionais livres, deixou-as escolher entre ser como Ele (boas, viver o bem) ou de modo diverso (más, vivendo o mal).

Assim nos ensina a Escritura, no Livro do Eclesiástico: "Não digas: 'De Deus vem o meu pecado!', pois Deus não faz o que ele próprio detesta (...) Desde o princípio Deus criou o ser humano e o entregou às mãos do seu arbítrio, e o deixou em poder de sua concupiscência. Acrescentou-lhes seus mandamentos e preceitos e a inteligência, para fazer o que lhe é agradável. Se quiseres observar os mandamentos, eles te guardarão; se confias em Deus, tu também viverás. Diante de ti, ele colocou o fogo e a água; para o que quiseres, tu podes estender a mão. Diante do ser humano estão a vida e a morte, o bem e o mal, ele receberá aquilo que preferir (...) Não mandou ninguém agir como ímpio e a ninguém deu licença para pecar" (Eclo 15,11.14-18.21).

Deus, então, entregou o ser humano ao seu arbítrio, e o que escolher, isso lhe será dado. Em Seu imenso, infinito amor, Deus deu liberdade, livre-arbítrio ao ser humano. De modo que pode escolher entre o bem, dado por Deus e o mal, que é sempre rejeição a Ele. E a rejeição a Deus, a opção do mal em detrimento do bem é o pecado. Assim, o mal no mundo, na humanidade, enfim, advém sempre do pecado, é o pecado mesmo ou suas conseqüências.

"...de fato, o homem falhou. Livremente, pecou. Rejeitando o projeto divino de amor, enganou-se a si mesmo; tornou-se escravo do pecado. Esta primeira alienação gerou uma multidão de outras. A história da humanidade, desde as suas origens, dá testemunho de desgraças e opressões nascidas do coração do homem, como conseqüência de um mau uso da liberdade" (Catecismo da Igreja Católica – Cat. n.° 1739). Toda vez que o homem peca, opta contra Deus, opta pelo mal e as conseqüências disso são sempre também más.

A partir das próximas formações veremos ainda mais claramente a ligação entre o pecado e o mal e compreenderemos melhor essa relação.

Por ora, fiquemos com a consciência de que o mal não é criação de Deus, mas fruto da opção do homem contra Deus, usando mal a liberdade que o Senhor deu.

Forte abraço a todos!

Manoel Guimarães,
Comunidade Paz & Mel.

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