Queridos irmãos e irmãs, ficamos devendo falar mais detidamente acerca do amor de Deus manifesto em Cristo Jesus. É do que trataremos aqui.
Já vimos que Deus é amor. Assim, sendo Jesus o Verbo Encarnado, Deus que se faz homem para nos Salvar e acolher, podemos dizer também, tranqüilamente, que Jesus é Deus feito carne, o Amor Encarnado.
Jesus viveu, revelou, pregou e foi Ele mesmo plenamente o amor. Jesus Cristo acolheu os pecadores, perdoou pecados, curou doentes, acalmou a natureza e até ressuscitou mortos; ainda pregou o amor e o perdão acima de tudo, mesmo aos inimigos: "Ouvistes que foi dito: 'Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!' Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem! (...) Se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os publicanos não fazem a mesma coisa?" (Mt 5,43-44.46). O amor se transformou em mandamento: "Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros" (Jo 13,34).
Seu amor se manifestou em Sua vida pública. Sempre acolheu a todos os rejeitados, mesmo aos pecadores, mas nunca foi conivente que prosseguissem no pecado A mulher adúltera, Jesus impediu que apedrejassem, determinou que não voltasse a pecar, sem prever qualquer exceção à exigência (Jo 8,11); ao jovem rico, mesmo atendendo-o com amor, não escondeu a exigência de doar aos pobres, mesmo com isso perdendo o possível discípulo (Lc 18,22-24); a Nicodemos, que se tornou seu amigo, quando fez suas objeções de índole racionalista, não voltou atrás na necessidade de "nascer de novo", e, questionado como poderia nascer de novo um velho, reentrando no ventre materno, Jesus se limitou a responder que se não renascesse, não entraria no Reino dos Céus (Jo 3,4-5); à samaritana, de um povo considerado traidor de Deus, que vivia em união ilícita, no poço de Jacó, amou-a, acolheu-a, deu-lhe um novo ânimo para viver, sendo fiel a Deus, sem, porém, negar que seu então companheiro não era seu marido (Jo 4,17-18); a Mateus (Levi) acolheu, jantando em sua casa, com publicanos e pecadores, para depois vê-lo abandonar essa vida e O seguir (Lc 5,27-32). Haveria inúmeros outros exemplos...
De fato, contudo, o amor do Senhor Jesus se manifestou acima de tudo, a despeito de ter estado em todos os momentos acima mencionados, na Sua Paixão, Morte e Ressurreição. Ele já o havia dito que "Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida por seus amigos" (Jo 15,13). Seguindo Sua orientação, Jesus não considerou amigos apenas aqueles que O amavam, mas os que O odiavam também. Com efeito, por seus algozes, o Senhor Jesus rogou ao Pai: "Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!" (Lc 23,34). Ele morreu por nós, para nos Salvar. "Deus não os destinou para a ira, mas para alcançarmos a salvação por nosso Senhor Jesus Cristo. Ele morreu por nós, para que, acordados ou dormindo, vivamos unidos a ele" (1Ts 5,9-10).
"(Deus), para cativar todo nosso amor, ele deu-se a nós em todo o seu ser. Deus Pai chegou ao extremo de nos dar seu próprio Filho. 'Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu seu Filho único (...) Amou-nos e, porque nos amava, entregou-se nos braços da dor, da vergonha, da morte mais dolorosa que algum homem já suportou na terra (...) Oxalá os homens considerassem, olhando Jesus Crucificado, o afeto que ele teve a cada um de nós! (...) Quantas flechas de amor saem dessas chagas e ferem os corações mais insensíveis! Quantas chamas saem do criação ardente de Cristo e aquecem os corações mais frios! Quantas cadeias saem do lado ferido e prendem os corações mais endurecidos!" (Santo Afonso de Ligório, A Prática do Amor a Jesus Cristo, Cap. 01).
"Duas coisas comprovam a autenticidade do amante e o fazem triunfar: a primeira consiste em fazer benefícios à pessoa amada, a segunda, de longe superior, em sofrer por ela. Para isso, para nos dar a prova do seu grande amor, Deus inventa o próprio aniquilamento, realiza-o de tal modo que se torna capaz de sofrimentos horrorosos" (Cantalamessa, Raniero, O Poder da Cruz, Loyola, 4.ª ed., 2006, São Paulo, Brasil).
Sim, o Senhor nos ama a ponto de sofrer, morrer, aniquilar-se por nós. Que nos deixemos levar e conquistar por tão grande amor.
Forte abraço e até a próxima.
Manoel Guimarães,
Comunidade Paz & Mel.
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