Queridos amigos do blog da Comunidade Paz & Mel:
Nessa nossa rotina de reverberar as palavras do Santo Padre, fazemo-lo agora em relação ao discurso que proferiu no último dia 19 de outubro, ao senhor Yves Gazzo novo chefe da Delegação da Comissão das Comunidades Européias junto da Santa Sé. O Papa recordou que a "Europa comemora este ano o vigésimo aniversário da queda do muro de Berlim", fim de uma época em que estava sob o "jugo de uma dolorosa ideologia".
Bento XVI reiterou o que tem dito, e já dizia João Paulo II, da necessidade de se reconhecer que a Europa como a conhecemos é fruto do cristianismo: "Estes valores são o fruto de uma longa e sinuosa história na qual, ninguém o pode negar, o Cristianismo desempenhou um papel fundamental. A igual dignidade de todos os seres humanos, a liberdade do ato de fé como raiz de todas as outras liberdades cívicas, a paz como elemento decisivo do bem comum, o desenvolvimento humano – intelectual, social e econômico – como vocação divina (cf. Caritas in veritate, 16-19) e o sentido da História que dela deriva são elementos centrais da Revelação cristã que continuam a modelar a civilização européia".
E o Bispo de Roma seguiu argumentando irrefutavelmente nesse sentido, ressaltando a possibilidade de o esquecimento dessa origem poder levar à perda desses valores, hoje tão caros, no contato com outras realidades. Advertiu também que a Europa decairá se perder os valores da vida humana, do Matrimônio como união indissolúvel heterossexual, equilíbrio entre desenvolvimento econômico e justiça social, tutela do meio ambiente, reiterando o conceito de desenvolvimento integral.
Pedimos ao Senhor que abençoe o mundo e todo nosso planeta e que a União Européia e o mundo todo consigam viver a Verdade que está na fidelidade a Jesus Cristo e a Sua Igreja, guiada pelo Santo Padre, por ordem do próprio Senhor.
Grande abraço.
Manoel Guimarães,
Comunidade Paz & Mel.
Senhor Embaixador
Sinto-me feliz por receber Vossa Excelência e por acreditá-lo como Representante da Comissão das Comunidades Européias junto da Santa Sé. Ficar-lhe-ia grato se se dignasse transmitir a Sua Excelência o Sr. José Barroso que acaba de ser reeleito na chefia da Comissão, os votos cordiais que formulo pela sua pessoa e pelo novo mandato que lhe é confiado, assim como por todos os seus colaboradores.
A Europa comemora este ano o vigésimo aniversário da queda do muro de Berlim. Quis saudar de modo particular este acontecimento indo à República Checa. Nessa terra provada pelo jugo de uma dolorosa ideologia, pude dar graças pelo dom da liberdade readquirida que permitiu que o continente europeu reencontrasse a sua integridade e unidade.
Vossa Excelência acaba de definir a realidade da União Européia como 'uma área de paz e de estabilidade que reúne 27 Estados com os mesmos valores fundamentais'. É uma feliz apresentação. Contudo, é justo realçar que a União Européia não se dotou destes valores, mas ao contrário são estes valores partilhados que a fizeram nascer e foram como que a força de gravidade que atraiu para o centro como países fundadores diversas nações que sucessivamente a ela aderiram ao longo do tempo. Estes valores são o fruto de uma longa e sinuosa história na qual, ninguém o pode negar, o Cristianismo desempenhou um papel fundamental. A igual dignidade de todos os seres humanos, a liberdade do ato de fé como raiz de todas as outras liberdades cívicas, a paz como elemento decisivo do bem comum, o desenvolvimento humano – intelectual, social e econômico – como vocação divina (cf. Caritas in veritate, 16-19) e o sentido da História que dela deriva são elementos centrais da Revelação cristã que continuam a modelar a civilização européia.
Quando a Igreja recorda as raízes cristãs da Europa, não procura um estatuto privilegiado para si mesma. Ela pretende ser memória histórica recordando antes de tudo uma verdade – cada vez mais silenciada – isto é, a inspiração decisivamente cristã dos Padres fundadores da União Européia. Mais profundamente, ela deseja manifestar também que o sulco de valores provém principalmente da herança cristã que continua ainda hoje a alimentá-la.
Estes valores comuns não constituem uma agregação anárquica ou aleatória, mas formam um conjunto coerente que se ordena e se articula, historicamente, a partir de uma visão antropológica determinada. Pode a Europa omitir o princípio orgânico original destes valores que revelou ao homem a sua eminente dignidade e o fato de que a sua vocação pessoal o abre a todos os outros homens com os quais ele está chamado a constituir uma só família? Deixar-se cair neste esquecimento, não significaria expor-se ao risco de ver estes grandes e belos valores entrar em concorrência ou em conflito uns com os outros? Ou ainda, não correriam eles o risco de serem instrumentalizados pelos indivíduos e pelos grupos de pressão, desejosos de fazer valer os interesses particulares em detrimento de um projeto coletivo ambicioso – que os europeus esperam – tendo a preocupação do bem comum dos habitantes do Continente e do mundo inteiro? Este perigo já foi sentido e denunciado por numerosos observadores pertencentes a horizontes muito diversos. É importante que a Europa não permita que o seu modelo de civilização se desfaça. O seu impulso original não deve ser abafado pelo individualismo nem pelo utilitarismo.
Os imensos recursos intelectuais, culturais e econômicos do continente continuarão a dar frutos, se permanecerem fecundos mediante a visão transcendente da pessoa humana que constitui o tesouro mais precioso da herança européia. Esta tradição humanista, na qual se reconhecem numerosas famílias de pensamento por vezes muito diferentes, torna a Europa capaz de enfrentar os desafios futuros e de responder às expectativas da população. Trata-se principalmente da busca do justo e delicado equilíbrio entre a eficácia econômica e as exigências sociais, da salvaguarda do meio ambiente, e sobretudo do apoio indispensável e necessário à vida humana desde a concepção até à morte natural e à família fundada sobre o matrimônio entre um homem e uma mulher. A Europa só será realmente ela mesma se souber conservar a originalidade que fez a sua grandeza e que é susceptível de a tornar, amanhã, um dos maiores agentes na promoção do desenvolvimento integral das pessoas que a Igreja católica considera como o único caminho susceptível de remediar os desequilíbrios atuais do nosso mundo.
Devido a todos estes motivos, Senhor Embaixador, a Santa Sé segue com respeito e grande atenção a atividade das Instituições européias, desejando que elas, com o seu trabalho e criatividade, honrem a Europa que mais do que um continente, é uma 'casa espiritual' (cf. Discurso às Autoridades civis e ao Corpo diplomático, Praga, 26 de Setembro de 2009). A Igreja deseja 'acompanhar' a construção da União Européia. Eis por que ela se permite recordar-lhe quais são os valores fundadores e constitutivos da sociedade européia para que possam ser promovidos para o bem de todos.
No momento em que inicia a sua missão junto da Santa Sé, desejo renovar a expressão da minha satisfação pelas excelentes relações que as Comunidades Européias mantêm com a Santa Sé e apresento-lhe, Senhor Embaixador, os meus melhores votos para o feliz cumprimento do seu nobre cargo. Tenha a certeza de que encontrará junto dos meus colaboradores o acolhimento e a compreensão de que poderá ter necessidade.
Invoco de coração sobre Vossa Excelência, sobre a sua família e colaboradores a abundância das Bênçãos divinas".
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