Paz e Mel

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“Quo Vadis?”



Queridos irmãos e irmãs, leitores deste blog:

Para estrearmos esta seção de cultura cristã, falamos de um filme cristão por inteiro. Infelizmente, tem-se feito poucos filmes do gênero, de modo que precisamos recorrer a um mais antigo para vermos realmente um filme inteiramente cristão. Apenas essa circunstância já nos demonstra o quanto a sociedade atual está descristianizada. Depois da segunda metade dos anos sessenta, a produção cristã praticamente foi zerada.

"Quo vadis?" é um título latino que tem por tradução "Onde vais?". A razão do título e o que ele significa, veremos mais adiante. "Quo Vadis?" se inicia no ano 64 da era cristã, em Roma, época em que Nero reinava sobre o Império Romano. Ao contar o romance entre o general romano Marcus Vinícius (Robert Taylor) e a jovem cristã Lydia (Deborah Kerr), fica evidente a diferença de credos, a firmeza da jovem em recusar Nero como deus, bem como a sublimidade da caridade cristã, apresentada na moça e pouco a pouco despertada no general. São personagens do filme ninguém menos que São Pedro e São Paulo. O primeiro Papa aparece em momentos esparsos do filme, em Roma para seu apostolado, atendendo o chamado do Senhor, até o momento de sua cena final, que dá nome ao filme e que retomaremos mais adiante. Em relação a Nero, é capaz de se apresentar como seguidor do mandamento de Cristo de amar a todos, mas sem nunca admitir sua pretensa divindade. São Paulo chega a se encontrar com o casal protagonista para ensinar o cristianismo. Também aparece no filme o Senador Romano Sêneca, personagem real da história, um dos equilibrados que tentou moderar o império de Nero, tento conseguido apenas nos seu início.

O pano de fundo é a expansão do cristianismo dentro do Império Romano e o início das perseguições aos cristãos. O filme retrata com fidelidade o insano imperador Nero, personagem de Peter Ustinov, que em muitos momentos chega a roubar a cena, tendo inclusive ganho o Globo de Ouro de 1952 como melhor ator coadjuvante. Perturbado, sexualmente pervertido, megalomaníaco, paranóico, achava-se um grande artista e morreu com a frase que a história lhe atribui no momento derradeiro: "Que grande artista o mundo está perdendo...". A narração de fundo, de Walter Pidgeon, fala expressamente do poder do Império que se encontrará com um poder maior: a Cruz. A Cruz, símbolo do cristianismo, de fato, dominará Roma e sobreviverá após sua queda, seguindo a propagar-se.

Ensandecido, desprezando o povo da cidade, Nero põe fogo em Roma a pretexto de reformá-la depois (a História admite como hipótese mais provável da autoria do incêndio o Imperador Nero). Como os rumores de sua autoria do fato punham em risco seu império e sua vida, resolveu acusar injustamente os cristãos. Com isso, iniciam-se as perseguições, de modo que Nero ainda obtém uma outra vantagem: encontra um divertimento para o povo para aumentar sua popularidade. Tortura publicamente os cristãos e matá-os de forma violenta. Uns são mortos à espada, outros atirados aos leões, ou touros, outros queimados vivos... tudo para a diversão da Roma pagã, que, ainda não-cristã, não tinha aprendido a valorizar a vida humana.

No final do filme, ante as perseguições, São Pedro está fugindo de Roma e tem um encontro com o Senhor Jesus, que vai na direção oposta. São Pedro pergunta "Onde vais, Senhor?" (em latim, "Quo vadis, Domine?", questão que dá o título ao filme). Em resposta, Jesus diz que voltará a Roma, para ser crucificado novamente, já que Pedro estava sem coragem de permanecer na cidade. Com essa experiência, São Pedro decide retornar a Roma, a seu apostolado como Bispo da Cidade Eterna, Papa, até sua morte, crucificado de cabeça para baixo.

O filme não conta com efeitos visuais como os conhecemos hoje. As atuações são como as comuns da época, mas bastante qualificadas. Os trechos são longos, o número de figurantes, enorme, tudo como nas grandes produções da época. Não possui as tomadas velozes do nosso tempo, mas é sem dúvidas um filme de grande qualidade. A produção apresenta uma grande fidelidade à História e à mensagem do Evangelho, de modo a ser em si mesmo, uma formação oportuna e verdadeira para todo e qualquer grupo católico. Fica a indicação.

Além de melhor ator coadjuvante, ganhou o Globo de Ouro de melhor fotografia colorida. Também foi indicado ao Oscar de melhor filme (indicação, nesse quesito, também ao Globo de Ouro), melhor fotografia colorida, melhor figurino colorido, melhor ator coadjuvante, com Leo Genn (Petronius) e Peter Ustinov (Nero), melhor direção de arte colorida, melhor montagem e melhor trilha sonora original de filme dramático ou comédia, mas não ganhou a estatueta. A produção ainda contou com as participações especiais de Bud Spencer, como figurante, Elizabeth Taylor e Sophia Loren em participações menores, não creditadas, esta última sendo sua primeira aparição nas telonas, com 17 anos. O roteiro se baseou no livro de mesmo nome do polonês Henryk Sienkiewicz.

Feita a apresentação do filme, fica a dica e a torcida e convite à oração para que o Século XXI conheça grandes produções católicas, como essas da metade do Século XX, quem sabe até as superando.

Forte abraço,
Manoel Guimarães,
Comunidade Paz & Mel.

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