Amados irmãos e irmãs, leitores e leitores deste blog da Comunidade Paz & Mel, que por seus membros roga instantemente ao Senhor que santifique seus mantenedores e visitantes, é bom estarmos juntos para o prosseguimento de nossa Formação Básica. Há os que anseiam por saírem desse nosso primeiro ponto. No entanto, é rico e importante demais para que negligenciemos certos aspectos fundamentais dele.
Seguimos nossa formação, verificando uma realidade corolária a da formação anterior, da eternidade do amor do Senhor. Já que eterno, portanto anterior a tudo, inclusive à própria criação, podemos inferir que a Criação mesma é obra do amor do Senhor. Deus fez toda a criação numa manifestação de Seu Divino Amor e, ao final da referida, criou o ser humano, depositário máximo de Sua ternura, para administrar e governar a toda criação.
Os santos e doutores da Igreja assim testemunham. Santo Afonso de Ligório toma como que palavras de Deus ao homem: "Ele nos amou eternamente: 'Amo-te com amor eterno'. Deus diz ao homem: 'Olhe, fui eu o primeiro a amar você. Você não estava no mundo. O mundo nem existia, e eu já o amava. Amo você desde que sou Deus...' (...) Depois criou o céu, a terra e tantas outras coisas, todas por amor do homem. Céus, estrelas, plantas, mares, rios, fontes, montanhas, metais, frutas e tantas espécies de animais. Deus criou tudo par ao homem e quer que este o ame em agradecimento por tantos dons" (Santo Afonso de Ligório, A Prática do Amor a Jesus, Cap. 01).
Da mesma forma Santo Agostinho: "Foi pela plenitude da tua bondade que a criatura recebeu a existência, a fim de que não deixasse de existir um bem, de modo inútil para ti e que, ainda que originado de ti, não é igual a ti, pois que por ti podia ser criado" (Santo Agostinho, Confissões, Livro XIII, 2,2). E Santo Atanásio: "Ora, Deus é bom, ou antes, é a fonte de toda bondade, e quem é bom a ninguém pode odiar. Por conseguinte, a ninguém recusaria invejosamente a existência. Criou do nada todas as coisas por meio de seu próprio Verbo, nosso Senhor Jesus Cristo" (Santo Atanásio, A Encarnação do Verbo, Cap 1, 3.3).
O Catecismo o confirma. Quando fala da finalidade da Criação como um todo, afirma: "Deus criou todas as coisas (...) 'não para aumentar a Sua glória, mas para a manifestar e para a comunicar'. Pois Deus não tem outra razão para criar a não ser o seu amor e a sua bondade" (Cat. n.° 293). "Cremos que o mundo procede da vontade livre de Deus que quis fazer as criaturas participarem do Seu ser, da sua sabedoria e da sua bondade" (Cat. n.° 295).
Quando fala da Criação do homem, retoma que as criaturas foram feitas para o homem e este foi feito para servir e amar a Deus: "Deus criou tudo para o homem, mas o homem foi criado para servir e amar a Deus e para oferecer-lhe toda a criação" (Cat. n.° 358). Também exalta a dignidade única do ser humano: "De todas as criaturas visíveis, só o homem é 'capaz de conhecer e amar o seu Criador'; é a 'única criatura sobre a terra que Deus quis por si mesma; só ele é chamado a partilhar, pelo conhecimento e pelo amor, a vida de Deus. Com este fim foi criado, e tal é a razão fundamental da sua dignidade (...) Porque é 'à imagem de Deus', o indivíduo humano possui a dignidade de pessoa: ele não é somente alguma coisa, mas alguém. É capaz de se conhecer, de se possuir e de livremente se dar e entrar em comunhão com outras pessoas. E é chamado, pela graça, a uma Aliança com o seu Criador, a dar-Lhe uma resposta de fé e amor que mais ninguém pode dar em seu lugar" (Cat. n.°s 356-357).
No entanto, essa criação do homem para amar a Deus não é de forma alguma aprisionadora ou limitadora do ser humano. Ao contrário, Deus destinou o homem para amá-lO justamente porque Deus mesmo é seu fim último e porque só em Deus alcançamos felicidade. "O fim último da criação é que Deus Pai, 'criador de todos os seres, venha finalmente a ser 'tudo em todos' (1 Cor 15, 28), provendo, ao mesmo tempo, à sua glória e à nossa felicidade" (Cat. n.° 294).
A felicidade do homem é alcançar a Deus, por isso mesmo Deus coloca no coração do homem o desejo de Deus e o desejo de felicidade. "As bem-aventuranças respondem ao desejo natural de felicidade. Este desejo é de origem divina; Deus pô-lo no coração do homem para o atrair a Si, o único que o pode satisfazer" (Cat. n.° 1718). "De fato, Deus colocou-nos no mundo para O conhecermos, servirmos e amarmos, e assim chegarmos ao paraíso. A bem-aventurança faz-nos participantes da natureza divina (1 Pe 1, 4) e da vida eterna. Com ela, o homem entra na glória de Cristo e no gozo da vida trinitária" (Cat. n.° 1721).
Diante de todo o visto, podemos dizer que Deus criou as coisas para servirem ao homem; e criou o homem para se servir das coisas da natureza, servindo e amando o Senhor, chegando até Ele, e alcançando assim sua felicidade. Deus nos criou porque ama, porque é amor e, sendo amor, precisa amar. Pois bem, Deus criou o ser humano para ser o objeto do Seu amor, mais, para entrar no intercâmbio de amor que é a Trindade e alcançarmos assim Deus mesmo, nosso bem maior e felicidade.
"Deus, infinitamente perfeito e bem-aventurado em Si mesmo, num desígnio de pura bondade, criou livremente o homem para o tornar participante da sua vida bem-aventurada (...) Chama-o e ajuda-o a procurá-Lo, a conhecê-Lo e a amá-Lo com todas as suas forças (...) N'Ele (em Cristo) e por Ele, chama os homens a tornarem-se, no Espírito Santo, seus filhos adotivos e, portanto, herdeiros da sua vida bem-aventurada" (Cat. n.° 1). "...a ordenação voluntária da pessoa para o seu fim último, isto é, o próprio Deus: o bem supremo, no Qual o homem encontra a sua felicidade plena e perfeita" (Papa João Paulo II, Carta Encíclica Dominun et Vivificantem, n.° 72).
Que essas grandes verdades, de o Senhor todo-poderoso nos ter feito para o Seu amor, para sermos amados e o amarmos, alcançando a felicidade, que é Ele mesmo, nosso fim último.
Fiquem todos na paz do Senhor, e até a próxima.
Manoel Guimarães,
Comunidade Paz & Mel
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