Paz e Mel

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Discurso Papal defende o Matrimônio cristão

 

Queridos e amados irmãos e irmãs:

 

Prosseguindo nossas meditações acerca dos discursos do Papa Bento XVI aos Bispos brasileiros em suas visitas ad limina, ora em curso, cumpre comentar aquele proferido no dia 25 de setembro último, aos Bispos dos Regionais 1 e 4 da CNBB. Neste as palavras do Santo Padre são tão claras que praticamente não há o que comentar. Fizemos um ou outro apontamento, apenas para não parecer omisso, embora o discurso dispense qualquer comentário.

 

O tema central do Santo Padre foi a família, em específico a família iniciada pelo Sacramento do Matrimônio, "como 'aliança conjugal na qual o homem e a mulher se dão e se recebem' (cf. Gaudium et spes, 48). Instituição natural confirmada pela lei divina, está ordenada ao bem dos cônjuges e à procriação e educação da prole, que constitui a sua coroa (cf. ibid., 48)'". Bento XVI não teve dificuldades em denunciar que: "há forças e vozes na sociedade atual que parecem apostadas em demolir o berço natural da vida humana (...) assédio à família, com a vida saindo derrotada em numerosas batalhas".

 

O Sucessor de Pedro orou pela situação da família e reconheceu no divórcio uma pedra fundamental atirada contra o Matrimônio, que no mundo deixou de ligar à união da Santíssima Trindade, perdendo o sentido do compromisso perene. Com tal perda de sentido, cada vez menos se recorre a ele, bem como aumentam os divórcios. A pior conseqüência aí é sofrida pelos filhos, pelas crianças, "privadas de apoio dos pais, vítimas do mal-estar e do abandono e expande-se a desordem social'. Daí advém especialmente o dever de a Igreja combater esse enfraquecimento da família, pois os filhos "para ser instruídos e educados, precisam de referências extremamente precisas e concretas, isto é, de pais determinados e certos que de modo diverso concorrem para a sua educação. Ora é este princípio que a prática do divórcio está minando e comprometendo com a chamada família alargada e móvel, que multiplica os 'pais' e as 'mães' e faz com que hoje a maioria dos que se sentem 'órfãos' não sejam filhos sem pais, mas filhos que os têm em excesso", o que causa "conflitos e confusões internas contribuindo para criar e gravar nos filhos uma tipologia alterada de família, assimilável de algum modo à própria convivência por causa da sua precariedade".

 

A problemática não tem outra solução que não o ressaltar da importância do Matrimônio e sua indissolubilidade, recordando que o próprio Senhor Jesus a ressaltou. Aconselhou o Romano Pontífice à apresentação da Sagrada Família como modelo, à oração e ao aconselhamento "para que não sejam iludidas e seduzidas por certos estilos de vida relativistas, que as produções cinematográficas e televisivas e outros meios de informação promovem", dizendo confiar nos casais fiéis ao Matrimônio.

 

Desse conjunto, só podemos rogar ao Senhor que o conselho do Santo Padre seja ouvido e seguido, e que a sociedade brasileira compreenda o Sacramento do Matrimônio e o valorize verdadeiramente. Que a Virgem Santíssima interceda por nós nessa intenção.

 

Abraço fraterno,

 

Manoel Guimarães,

 

Comunidade Paz & Mel.

 

Segue a íntegra do discurso:

 

"Caríssimos Irmãos no Episcopado

Sede bem-vindos! Com grande satisfação acolho-vos nesta casa e de todo coração desejo que a vossa visita ad Limina proporcione o conforto e o encorajamento que esperais. Agradeço a amável saudação que acabais de dirigir-me pela boca de Dom José, Arcebispo de Fortaleza, testemunhando os sentimentos de afeto e comunhão que unem vossas Igrejas particulares à Sé de Roma e a determinação com que abraçastes o urgente compromisso da missão para reacender a luz e a graça de Cristo nas sendas da vida do vosso povo.

Queria falar-vos hoje da primeira dessas sendas: a família assentada no matrimônio, como 'aliança conjugal na qual o homem e a mulher se dão e se recebem' (cf. Gaudium et spes, 48). Instituição natural confirmada pela lei divina, está ordenada ao bem dos cônjuges e à procriação e educação da prole, que constitui a sua coroa (cf. ibid., 48). Pondo em questão tudo isto, há forças e vozes na sociedade atual que parecem apostadas em demolir o berço natural da vida humana. Os vossos relatórios e os nossos colóquios individuais tocavam repetidamente esta situação de assédio à família, com a vida saindo derrotada em numerosas batalhas; porém é alentador perceber que, apesar de todas as influências negativas, o povo de vossos Regionais Nordeste 1 e 4, sustentado por sua característica piedade religiosa e por um profundo sentido de solidariedade fraterna, continua aberto ao Evangelho da Vida.

Sabendo nós que somente de Deus pode provir aquela imagem e semelhança que é própria do ser humano (cf. Gen 1, 27), tal como aconteceu na criação – a geração é a continuação da criação –, convosco e vossos fiéis «dobro os joelhos diante do Pai, de quem recebe o nome toda paternidade no céu e na terra, que por sua graça, segundo a riqueza da sua glória, sejais robustecidos por meio do seu Espírito, quanto ao homem interior» (Ef 3, 14-16). Que em cada lar o pai e a mãe, intimamente robustecidos pela força do Espírito Santo, continuem unidos a ser a bênção de Deus na própria família, buscando a eternidade do seu amor nas fontes da graça confiadas à Igreja, que é 'um povo unido pela unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo' (Lumen gentium, 4).

Mas, enquanto a Igreja compara a família humana com a vida da Santíssima Trindade – primeira unidade de vida na pluralidade das pessoas – e não se cansa de ensinar que a família tem o seu fundamento no matrimônio e no plano de Deus, a consciência difusa no mundo secularizado vive na incerteza mais profunda a tal respeito, especialmente desde que as sociedades ocidentais legalizaram o divórcio. O único fundamento reconhecido parece ser o sentimento ou a subjetividade individual que exprime-se na vontade de conviver. Nesta situação, diminui o número de matrimônios, porque ninguém compromete a vida sobre uma premissa tão frágil e inconstante, crescem as uniões de fato e aumentam os divórcios. Sobre esta fragilidade, consuma-se o drama de tantas crianças privadas de apoio dos pais, vítimas do mal-estar e do abandono e expande-se a desordem social.

A Igreja não pode ficar indiferente diante da separação dos cônjuges e do divórcio, diante da ruína dos lares e das conseqüências criadas pelo divórcio nos filhos. Estes, para ser instruídos e educados, precisam de referências extremamente precisas e concretas, isto é, de pais determinados e certos que de modo diverso concorrem para a sua educação. Ora é este princípio que a prática do divórcio está minando e comprometendo com a chamada família alargada e móvel, que multiplica os 'pais' e as 'mães' e faz com que hoje a maioria dos que se sentem 'órfãos' não sejam filhos sem pais, mas filhos que os têm em excesso. Esta situação, com as inevitáveis interferências e cruzamento de relações, não pode deixar de gerar conflitos e confusões internas contribuindo para criar e gravar nos filhos uma tipologia alterada de família, assimilável de algum modo à própria convivência por causa da sua precariedade.

É firme convicção da Igreja que os problemas atuais, que encontram os casais e debilitam a sua união, têm a sua verdadeira solução num regresso à solidez da família cristã, lugar de confiança mútua, de dom recíproco, de respeito da liberdade e de educação para a vida social. É importante recordar que, 'pela sua própria natureza, o amor dos esposos exige a unidade e a indissolubilidade da sua comunidade de pessoas, a qual engloba toda a sua vida' (Catecismo da Igreja Católica, 1644). De fato, Jesus disse claramente: 'O que Deus uniu, o homem não separe' (Mc 10, 9), e acrescenta: 'Quem despede a sua mulher e se casa com outra, comete adultério contra a primeira. E se uma mulher despede o seu marido e se casa com outro, comete adultério também' (Mc 10, 11-12). Com toda a compreensão que a Igreja possa sentir face a tais situações, não existem casais de segunda união, como os há de primeira; aquela é uma situação irregular e perigosa, que é necessário resolver, na fidelidade a Cristo, encontrando com a ajuda de um sacerdote um caminho possível para pôr a salvo quantos nela estão implicados.

Para ajudar as famílias, vos exorto a propor-lhes, com convicção, as virtudes da Sagrada Família: a oração, pedra angular de todo lar fiel à sua própria identidade e missão; a laboriosidade, eixo de todo matrimônio maduro e responsável; o silêncio, cimento de toda a atividade livre e eficaz. Desse modo, encorajo os vossos sacerdotes e os centros pastorais das vossas dioceses a acompanhar as famílias, para que não sejam iludidas e seduzidas por certos estilos de vida relativistas, que as produções cinematográficas e televisivas e outros meios de informação promovem. Tenho confiança no testemunho daqueles lares que tiram as suas energias do sacramento do matrimônio; com elas torna-se possível superar a prova que sobrevém, saber perdoar uma ofensa, acolher um filho que sofre, iluminar a vida do outro, mesmo fraco ou diminuído, mediante a beleza do amor. É a partir de tais famílias que se há de restabelecer o tecido da sociedade.

Estes são, caríssimos Irmãos, alguns pensamentos que deixo-vos ao concluirdes a vossa visita ad Limina, rica de notícias consoladoras mas também carregada de trepidação pela fisionomia que no futuro possa adquirir a vossa amada Nação. Trabalhai com inteligência e com zelo; não poupeis fadigas na preparação de comunidades ativas e cientes da própria fé. Nestas se consolidará a fisionomia da população nordestina segundo o exemplo da Sagrada Família de Nazaré. Tais são os meus votos que corroboro com a Bênção Apostólica que concedo a todos vós, extensiva às famílias cristãs e diversas comunidades eclesiais com seus pastores e todos os fiéis das vossas diletas dioceses"

 

 

Fonte: http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/speeches/2009/september/documents/hf_ben-xvi_spe_20090925_ad-limina-brasile_po.html

 

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