Queridos e amados irmãos e irmãs em Cristo, amigos deste blog:
É de se reconhecer, preliminarmente, que a realidade do amor suscita questionamentos, que serão respondidos a seu tempo. No entanto, nesta lenta caminhada que nosso blog faz na formação católica, paralelamente à meditação de palavras atuais do Santo Padre e outras meditações, convém que ainda permaneçamos mais um pouco nos deleitando na meditação das várias dimensões do amor do Senhor Deus.
Ainda podemos dar mais um passo na meditação acerca do amor do Senhor Deus. Trata-se da questão do seu comunicar-se a nós, transmitir-se, realizar-se comunitariamente, através do Espírito Santo. Se em Jesus Cristo, o amor se encarna para nos acompanhar, para estar com a humanidade fisicamente e realizar sua Salvação, com o Espírito Santo, derramado em Pentecostes e a partir daí, Deus vem estar presente de modo mais especial no coração e na vida de cada ser humano. É Deus que quer estar mais que conosco, em nós.
O Servo de Deus João Paulo II nos diz que: "Deste modo, realiza-se definitivamente aquele novo princípio da comunicação de Deus uno e trino no Espírito Santo, por obra de Jesus Cristo, Redentor do homem e do mundo" (Papa João Paulo II, Carta Encíclica Dominum et Vivificantem, n.° 14). Essa "auto-doação" de Deus pelo Espírito Santo a nós é uma continuação da Salvação operada na humanidade pelo Senhor Jesus a partir de Sua Encarnação e Redenção que operou. "No dom concedido pelo Filho completam-se a revelação e a dádiva do Amor eterno: o Espírito Santo, que nas profundezas imperscrutáveis da divindade é uma Pessoa-Dom, por obra do Filho, isto é, mediante o mistério pascal de Cristo, é dado de maneira nova aos Apóstolos e à Igreja e, por intermédio deles, à humanidade e ao mundo inteiro" (Papa João Paulo II, idem, n.° 23 – grifos no original).
Vamos esclarecer mais essa atuação Salvífica de Cristo e do Espírito Santo, mais tarde em nossas formações. Agora, cumpre ressaltar a "auto-doação" de Deus ao coração do homem e à humanidade no Espírito Santo, a "Pessoa-Dom". Surge aqui um novo momento! Não apenas somos amados pelo Senhor Deus, mas esse Amor mesmo, que nos Salvou em Jesus Cristo, agora entra em nossos corações e em nossas vidas através do Espírito Santo que é Deus mesmo comunicado aos nossos corações. E esse Seu Amor permanece em nós. Deus fica conosco. Seu amor habita em nosso coração e em nossa vida. Que grande dom! Que grande mistério!
O Padre Raniero Cantalamessa nos ajuda a verificar que significa essa mudança do derramamento do Espírito Santo em nossos corações: "No confronto com o amor de Deus, nasce em nós um sentimento novo e extraordinário, que é o da posse (...) 'Vós sereis o meu povo e eu serei o vosso Deus', dizia Deus pelos profetas, anunciando esses tempos (cf. Ez 36,28). Ora, tudo isto se realizou: Deus tornou-se de maneira nova o 'nosso' Deus. Nós possuímos a Deus por graça" (Cantalamessa, Raniero, A Vida sob o Senhorio de Cristo, Loyola, 4.ª ed., 1996, São Paulo, Brasil, Cap. 01, pág. 21).
A meditação se aprofunda quando nos damos conta de que, pelo Espírito Santo derramado em nossos corações, aquele mesmo Amor que é Deus, e com que as pessoas se amam reciprocamente, é o Amor derramado em nosso corações, é o Amor com que Deus nos ama e age em nós. Se Deus mesmo é intercâmbio eterno de Amor, esse próprio Amor que Ele é também é o Amor com que nos ama. Chega a ser difícil para nós alcançar esse Mistério. "O amor que foi derramado em nós é o mesmo com que o Pai, desde sempre, ama o Filho, não um amor diferente. É um transbordar em nós do amor divino da Trindade" (Cantalamessa, Raniero, idem, pág. 23).
É a partir daí que chegamos ao ápice desta formação. "Pode-se dizer que, no Espírito Santo, a vida íntima de Deus uno e trino se torna totalmente dom, permuta de amor recíproco entre as Pessoas divinas; e ainda, que no Espírito Santo Deus 'existe' à maneira de dom. O Espírito Santo é a expressão pessoal desse doar-se, desse ser amor. É Pessoa-Amor. É Pessoa-Dom (...) Ao mesmo tempo, o Espírito Santo, enquanto consubstancial ao Pai e ao Filho, na divindade, é Amor e Dom (incriado) do qual deriva como de uma fonte (fons vivus) toda a dádiva em relação às criaturas (dom criado) (...) Como escreve o Apóstolo São Paulo: 'O amor de Deus foi derramado em nossos corações por meio do Espírito Santo, que nos foi dado'" (Papa João Paulo II, idem, n. 10).
Justamente porque derramado em nossos corações pelo Espírito Santo (cf. Rm 5,5) é que o Apóstolo pôde dizer que nada pode nos separar do amor de Deus. "Tenho certeza de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem a altura, nem a profundeza, nem outra criatura qualquer será capaz de nos separar do amor de Deus, que está no Cristo Jesus, nosso Senhor" (Rm 8,38-39). Com efeito, nada, nem os temores nem as forças do tempo dos Apóstolos, do nosso ou de qualquer outro, pode nos separar do amor de Deus, derramado em nossos corações pelo Espírito Santo. Essa é a grande posse que temos. O amor de Deus está em nós!
Que benção meditarmos assim em tão profundos mistérios. Em breve retornaremos!
Forte abraço,
Manoel Guimarães,
Comunidade Paz & Mel.
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