Queridos e amados irmãos e irmãs:
Como temos feito nas últimas terças, repassamos a mensagem do Cardeal Dom Eugênio Sales, publicada no site da Arquidiocese do Rio de Janeiro, onde é Arcebispo Emérito. Na presente, traz o dever missionário da Evangelização, ressaltando que deve ocorrer também nas nossas comunidades e paróquias. Como sempre, muito bom.
Forte abraço e boa leitura.
Manoel Guimarães,
Comunidade Paz & Mel.
"Dia Mundial das Missões
19/10/2009
Uma instituição manifesta vitalidade pelo seu crescimento. A força expansiva é sinal positivo, prova que não está afetada pela ação desagregadora da morte. A estagnação ou inércia já são indício de declínio.
A Igreja, embora, protegida pelas promessas do Senhor, tem experimentado, na sua dimensão temporal, períodos diversos.
Há épocas de um fervor admirável e outras de uma lamentável languidez. São os altos e baixos dos aspectos humanos em sua trajetória. O ativo zelo missionário é um dos melhores indicadores de sua juventude, marca inconfundível da presença operosa dessa vida que brota do Espírito.
O Dia Mundial das Missões fala da tarefa de evangelizar, que nos foi imposta pelo Salvador. O Concílio Vaticano II nos ensina em 'Gaudium et Spes': 'a missão própria que Cristo confiou a sua Igreja, por certo, não é de ordem política, econômica ou social. A finalidade que Cristo lhe prefixou é de ordem religiosa' (nº 42). E, continua, que precisamente este objetivo gera no coração dos fiéis uma energia e contribui para a promoção de todos os irmãos, nos mais diversos campos de atividade humana. Tendo diante de si claramente esta finalidade, jamais se pode usar como meios a violência, a revolução, a luta de classes sem atraiçoar o Evangelho. Elas se excluem. E aqui e ali aflora paradoxalmente, em lábios cristãos e até sacerdotais. Uma tarefa vã e insana é tentar levar o Redentor aos homens, utilizando métodos expressamente reprovados pelo próprio Cristo. Sobre este assunto, que interessa profundamente à ação apostólica e pastoral, preciosas e claras diretrizes foram até recomendadas no discurso do Papa Paulo VI, de 7 de setembro de 1974, por ocasião da Abertura do III Sínodo dos Bispos.
A insistência sobre a autenticidade desses objetivos se justifica, pois, em nossos dias. Uma legítima preocupação pelo 'humano', tem feito esquecer em alguns os direitos absolutos de Deus.
A promoção ou a defesa da criatura, em vez de fluir da vocação eterna, a nós proposta, tomou o lugar de primazia com conseqüências profundas em toda a estrutura religiosa, que nos envolve. Repor o verdadeiro e autêntico espírito missionário é condição indispensável para um atendimento válido e eficaz, como determinação evangélica.
Convém lembrar que o impulso na propagação da Mensagem redentora não é dirigido somente a terras distantes ou a meios descristianizados, mas deve também manifestar-se nas nossas paróquias, em nossas comunidades, onde é constatada uma real presença da Igreja de Jesus Cristo.
Esse ônus foi posto pelo Senhor na consciência de cada cristão. Não cabe apenas ao missionário nas regiões dos infiéis ou àqueles que labutam pela reconquista das populações distanciadas da Igreja, nem apenas a um grupo que procura conservar a herança do Senhor. Um a um darão contas do cumprimento de uma ordem recebida para trabalhar pelo Reino de Deus onde está ele instalado, onde sofreu retrocesso ou ainda não foi anunciado.
O Dia Mundial das Missões relembra essa universalidade, meta a atingir e agentes a empregar. A visão que se deve ter não está limitada pela sombra do próprio campanário. Sua vastidão se mede pela presença humana no universo. Os meios a utilizar, são variados sim, mas hierarquizados pelo critério da natureza mesma da evangelização.
Evidentemente, merece preeminência a ordem espiritual. Sempre é lembrado o exemplo de Santa Teresinha padroeira das Missões, sem nunca ter saído do seu Carmelo. A força expansiva e irresistível da santidade exerce seu papel no íntimo das almas, fecundando o esforço temporal, intelectual dos semeadores da Mensagem.
Um clima de responsabilidade leva muitos ao cumprimento desse dever. Para isto, se faz mister compreender, a fundo a natureza eclesial, que conduz à propagação da Fé por toda a parte.
Sentir-se responsável pela causa do Salvador no mundo, permite descobrir os mais diversos meios que possibilitem a execução de uma determinação recebida. Quando se pede o auxílio material, se deve uma resposta concreta de nossa parte. Se é o esforço físico, ou a generosa doação espiritual ou uma atitude mais profunda sugeridas pelo Espírito, a resposta deve sempre ser afirmativa.
O Dia Mundial das Missões une a Igreja Universal em torno de um ideal: a vitória de Cristo no mundo. Essa causa 'não se limita às necessidades materiais ou mesmo espirituais que se exaurem no âmbito existencial temporal, mas na salvação transcendente que se realiza no Reino de Deus. Este Reino está também neste mundo e em sua história e é força de justiça, paz, verdadeira liberdade e respeito pela dignidade de todo ser humano', nos diz o Santo Padre Bento XVI em sua Mensagem para o Dia Mundial das Missões de 2009.
Ocupemos nosso lugar na vanguarda ou na retaguarda, mas sempre no seio de Cristo, que é sua Igreja. Se aí estivermos, quando formos chamados, poderemos responder: 'presente!' E essa resposta há de perdurar por toda a eternidade.
Cardeal Eugenio de Araujo Sales
Arcebispo Emérito da Arquidiocese do Rio de Janeiro
16/10/2009"
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