Paz e Mel

Paz e Mel

O perigo da queda da natalidade

 

Caríssimo irmãos em Cristo:

 

Ao seguirmos a meditação das formações do grande Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales, Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro, no site daquela Arquidiocese, reproduzimos a ministrada em 27 de novembro último. O purpurado, a partir de uma série de contradições, passou a questionar a mentalidade anti-natalista, que busca a diminuição dos nascimentos na sociedade atual. Dom Eugênio, muito bem fundamental, passa a discorrer acerca dos graves perigos da queda de natalidade. É impressionante ver como, também nesse quê, a Igreja sempre esteve certa o tempo todo. Falta ao mundo abrir os olhos para ver e converter-se para evitar o caos.

 

Fiquem com a íntegra da formação:

 

"Tendências Demográficas

 

 

Vivemos em um mundo de contrastes. Aumenta a riqueza e cresce a miséria; defende-se a vida e os direitos da pessoa humana, mas se propaga - até sob o abrigo de leis - o aborto. A figura do Papa e suas palavras ocupam constantemente os meios de comunicação social e igualmente poucas personalidades mundiais sofrem mais ofensas. Desvairados, muitos buscam um rumo onde não é possível encontrá-lo. Somente em Deus, jamais no pecado, teremos a paz e a felicidade.


Entre os assuntos, objetos de contradição, está o problema demográfico. Há uma corrente que atribui os males de ordem econômica à população; criou-se o mito da 'bomba demográfica'. Subjazem outros interesses. No entanto, começam a ser ouvidas vozes de advertência para as conseqüências da natalidade em vários países, quando inferior à mortalidade.


Recentemente, um relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento publicava a seguinte informação: 'O envelhecimento da população é um fenômeno generalizado. Em 2050, o mundo e todos os continentes, à exceção da África, deverão ter mais pessoas idosas do que crianças. Esta é uma conseqüência natural da diminuição das taxas de mortalidade e do declínio nas taxas de natalidade' (Relatório de desenvolvimento humano-2009).


Para além do envelhecimento das populações, esta diminuição da fecundidade apresenta, em numerosos territórios, uma questão particularmente angustiosa: o decrescimento demográfico, com todos os efeitos negativos que acarreta de maneira inevitável. A perspectiva que se apresenta é o aumento do número de países que têm uma fecundidade menor do que a da substituição das gerações. Noutras palavras, o número de filhos por mulher é inferior a 2,1. Sabe-se que se situa neste ponto o nível mínimo indispensável para a renovação das gerações nos países que contam com as melhores condições sanitárias.


No Brasil, veículos de comunicação divulgaram, em setembro, os indicadores apresentados pelo IBGE. Segundo o Instituto, em pouco mais de 40 anos, a taxa de fecundidade brasileira passou de 6,2 filhos por mulher, até 1960, para dois filhos, em 2006. Algumas regiões estavam abaixo da taxa de reposição.


Esses indicadores nos remetem a uma reflexão pertinente. O fantasma da explosão demográfica, por exemplo, foi muito usado para obrigar nações pobres ao controle da natalidade, inclusive pela esterilização forçada de mulheres. Afirmava-se ser condição para o combate eficaz à pobreza e ao subdesenvolvimento. O tão anunciado perigo do excesso de habitantes passa para o lado oposto.


Em sua intervenção na 64ª Assembléia da ONU, a 13 de outubro do corrente ano, o Observador Permanente da Santa Sé recordou este fato. Disse ele: 'Quando os Estados se reuniram no Cairo em 1994, muitos deles tinham a impressão de que se verificaria uma explosão demográfica que obstaculizaria a possibilidade de chegar a um adequado desenvolvimento econômico global. Quinze anos depois, constatou-se que esta percepção era infundada'.


Sobre este assunto assim se expressa o Papa Bento XVI na sua recente Encíclica 'Caritas in veritate': 'Considerar o aumento da população como a primeira causa do subdesenvolvimento é errado, inclusive do ponto de vista econômico: basta pensar, por um lado, na considerável diminuição da mortalidade infantil e no alongamento médio da vida que se registra nos países economicamente desenvolvidos, e, por outro, nos sinais de crise que se observam nas sociedades onde há queda da natalidade' (nº 44).


O desenvolvimento de uma nação depende mais da conduta dos cidadãos que do número de habitantes. Há outras que continuam pobres, mesmo sendo de pequena densidade demográfica. Existe também o oposto: densa­mente povoadas e ricas. O fator 'educação' é fundamental, inclusive para uma 'paternidade responsável'. Afirma, ainda, o Santo Padre nesta Encíclica: 'Com efeito, a responsabilidade impede que se considere a sexualidade como uma simples fonte de prazer ou que seja regulada com políticas de planejamento forçado dos nascimentos. Em ambos os casos, estamos perante concepções e políticas materialistas, no âmbito das quais as pessoas acabam por sofrer várias formas de violência. A tudo isto há que contrapor a competência primária das famílias neste campo, relativamente ao Estado e às suas políticas restritivas, e também uma apropriada educação dos pais' ('Caritas in veritate', nº 44).


Em todo este assunto, os princípios morais são o fundamento das atitudes a serem tomadas. Somente através de valores éticos se pode regenerar o tecido social das nações e construir uma civilização aberta à 'cultura da vida'.


O Papa Bento XVI adverte que 'torna-se uma necessidade social, e mesmo econômica, continuar a propor às novas gerações a beleza da família e do matrimônio, a correspondência de tais instituições às exigências mais profundas do coração e da dignidade da pessoa. Nesta perspectiva, os Estados são chamados a instaurar políticas que promovam a centralidade e a integridade da família, fundada no matrimônio entre um homem e uma mulher, célula primeira e vital da sociedade, preocupando-se também com os seus problemas econômicos e fiscais, no respeito da sua natureza relacional' ('Caritas in veritate' nº44).

Cardeal Eugenio de Araujo Sales

Arcebispo Emérito da Arquidiocese do Rio de Janeiro

27 de novembro de 2009".

 

Fonte:

 

http://www.arquidiocese.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm

 

 

 

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