Queridos e amados irmãos e irmãs, que nos acompanham em franca amizade neste blog:
Publicamos, a seguir, o discurso do Santo Padre à senhora Baronesa Henriette Johana Cornélia Maria Van Lynden-Leitjen, nova embaixadora dos Países Baixos junto à Santa Sé, no último dia 02 de outubro. Com efeito, o Santo Padre, ressaltando a necessidade de promoção da liberdade, mas sempre vinculada à verdade, sem a qual não existe. Mencionou a crise econômica do último ano, como fruto do individualismo, ressaltando que a globalização deve buscar o desenvolvimento integral da pessoa e da sociedade, nos termos da recente Encíclica Caritas in Veritate.
Ressaltou o Santo Padre a importância do Matrimônio e de se assegurar o papel da religião na vida pública. Acerca do primeiro, disse expressamente que: "Nada pode igualar nem substituir o valor formativo do crescimento num ambiente familiar seguro, aprendendo a respeitar e a fomentar a dignidade pessoal dos outros, adquirindo a capacidade de 'acolhimento cordial, encontro e diálogo, disponibilidade desinteressada, serviço generoso e profunda solidariedade' (Familiaris consortio, 43; cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, n. 221), em síntese, aprendendo a amar. Por outro lado, uma sociedade que encoraja modelos alternativos de vida doméstica, por amor a uma presumível diversidade, provavelmente acumulará conseqüências sociais que não podem conduzir ao desenvolvimento humano integral".
Acerca do papel da religião, expressou o Romano Pontífice que: "A minha esperança ardente é de que a contribuição católica oferecida para o debate ético seja ouvida e receba a atenção de todos os setores da sociedade holandesa, a fim de que a nobre cultura que desde há séculos tem caracterizado o seu país, possa continuar a ser conhecida pela sua solidariedade para com os pobres e os vulneráveis, pela sua promoção da liberdade autêntica e pelo seu respeito pela dignidade e pelo valor inestimável de cada ser humano".
A Holanda possui posições notoriamente relativistas, com enfraquecimento da defesa da vida tanto nas questões relacionadas ao aborto quanto à eutanásia. De outro lado, é precursora também na problemática do reconhecimento das uniões homossexuais. Nesse quadro, rogamos ao Senhor que o Santo Padre seja ouvido e que aquele país possa retornar verdadeiramente a sua raiz cristã.
Como já se disse inúmeras vezes aqui, se o catolicismo não pode se expressar e ser representado na sociedade, ficando cerceado à vida meramente privada, esse, na verdade, é o caminho para seu homicídio. A fé precisa se manifestar na vida pública em sociedade. Não nos deixemos enganar!
Forte abraço.
Manoel Guimarães,
Comunidade paz & Mel.
"Excelência
Estou feliz por lhe dar boas-vindas ao Vaticano e aceitar as Cartas que a acreditam como Embaixadora Extraordinária e Plenipotenciária do Reino dos Países Baixos junto da Santa Sé. Gostaria de lhe manifestar a minha gratidão pelos bons votos que Vossa Excelência me transmite da parte da Rainha Beatriz. Quanto a mim, peço-lhe que comunique a Sua Majestade as minhas cordiais saudações e a certeza das minhas preces incessantes por todo o povo da sua nação.
Num mundo que está cada vez mais intimamente interligado, as relações diplomáticas da Santa Sé com os Estados singularmente oferecem muitas oportunidades para a cooperação em importantes questões globais. Nesta luz, a Santa Sé valoriza os seus vínculos com os Países Baixos e espera fortalecê-los ainda mais nos anos vindouros. O seu país, como membro fundador da Comunidade Econômica Européia e sede de diversas instituições jurídicas, desde há muito tempo está na vanguarda no que se refere às iniciativas que visam revigorar a cooperação internacional, para o maior bem da família humana. Por isso, a missão que Vossa Excelência está prestes a encetar é rica de oportunidades de ação conjunta para fomentar a paz e a prosperidade, à luz do desejo que tanto a Santa Sé como os Países Baixos têm de ajudar a pessoa humana.
A defesa e a promoção da liberdade constituem um elemento-chave neste tipo de compromisso humanitário, para o qual quer a Santa Sé quer o Reino dos Países Baixos chamam freqüentemente a atenção. No entanto, é preciso compreender que a liberdade tem necessidade de ser alicerçada na verdade a verdade da natureza da pessoa humana e deve orientar-se para o bem dos indivíduos e da sociedade. Na crise financeira dos últimos doze meses, o mundo inteiro foi capaz de observar as conseqüências do individualismo exagerado, que tende a favorecer a busca de uma evidente vantagem pessoal e a excluir os outros bens. Tem-se refletido muito sobre a necessidade de uma sólida abordagem ética dos processos de integração econômica e política, e muitas pessoas conseguem reconhecer que a globalização deve orientar-se para a finalidade do desenvolvimento humano integral dos indivíduos, das comunidades e dos povos modelado não tanto por forças mecânicas ou deterministas, mas por valores humanitários que sejam abertos à transcendência (cf. Caritas in veritate, 42). O nosso mundo tem necessidade de 'recuperar o verdadeiro sentido da liberdade, que não consiste no inebriamento de uma autonomia total, mas na resposta ao apelo do ser' (Ibid., n. 70). Daqui, a convicção da Santa Sé a respeito do papel insubstituível das comunidades de fé na vida e no debate públicos.
Embora uma parte da população holandesa se declare agnóstica ou até ateia, mais de metade da mesma professa a cristandade, e o número crescente de imigrantes que seguem outras tradições religiosas tornam mais necessário do que nunca que as autoridades civis reconheçam o lugar ocupado pela religião na sociedade holandesa. Uma indicação de que o seu governo está a fazê-lo é o fato de que no seu país as escolas confessionais recebem assistência do Estado, e justamente, porque tais instituições são chamadas a oferecer uma contribuição significativa para a compreensão mútua e para a coesão social, transmitindo os valores que estão arraigados numa visão transcendental da dignidade humana.
A este propósito, ainda mais elementares do que as escolas são as famílias, edificadas sobre o fundamento de um matrimônio estável e fecundo entre um homem e uma mulher. Nada pode igualar nem substituir o valor formativo do crescimento num ambiente familiar seguro, aprendendo a respeitar e a fomentar a dignidade pessoal dos outros, adquirindo a capacidade de 'acolhimento cordial, encontro e diálogo, disponibilidade desinteressada, serviço generoso e profunda solidariedade' (Familiaris consortio, 43; cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, n. 221), em síntese, aprendendo a amar. Por outro lado, uma sociedade que encoraja modelos alternativos de vida doméstica, por amor a uma presumível diversidade, provavelmente acumulará conseqüências sociais que não podem conduzir ao desenvolvimento humano integral (cf. Caritas in veritate, 44 e 51). A Igreja católica no seu país deseja ardentemente desempenhar o papel que lhe é próprio, ajudando e promovendo uma vida familiar estável, como a Conferência Episcopal Holandesa declarou no seu recente documento sobre o cuidado pastoral dos jovens e da família. A minha esperança ardente é de que a contribuição católica oferecida para o debate ético seja ouvida e receba a atenção de todos os setores da sociedade holandesa, a fim de que a nobre cultura que desde há séculos tem caracterizado o seu país, possa continuar a ser conhecida pela sua solidariedade para com os pobres e os vulneráveis, pela sua promoção da liberdade autêntica e pelo seu respeito pela dignidade e pelo valor inestimável de cada ser humano.
Excelência, enquanto formulo os meus melhores votos para o bom êxito da sua missão, gostaria de lhe assegurar que os vários Departamentos da Cúria Romana estão prontos para lhe oferecer ajuda e apoio no cumprimento dos seus deveres. Sobre Vossa Excelência, a sua família e todo o povo do Reino dos Países Baixos, invoco cordialmente as abundantes bênçãos de Deus".
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