Paz e Mel

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4. A Eternidade do Amor de Deus



Queridos e amados irmãos, seguimos nossa meditação, ainda nesta temática demasiado fundamental para ser já ultrapassada: o amor maravilhoso do Senhor nosso Deus. Temos falado do amor de Deus de diversas formas e maneiras, sob diversos aspectos, e com freqüência, recorrido para tanto a Sagrada Escritura. Pois bem, a vida e a Revelação cristã nos permitem várias reflexões e questionamentos. Podemos sempre buscar os "porquês" de tudo.

Nesse sentido, o Padre Raniero Cantalamessa nos afirma que, olhando-se para toa a Bíblia, o amor de Deus é a resposta a todos os porquês que apresenta, sendo ele mesmo o grande "resumo" da Escrita. Vejamos: 'O amor de Deus é a última resposta a todos os 'porquês' da Bíblia: por que a criação, por que a encarnação, por que a redenção... Se toda a Bíblia se pudesse transformar de palavra escrita em palavra pronunciada e se condensasse numa só afirmação, esta afirmação, mais potente que o fragor do mar, exclamaria: 'Deus vos ama'" (Cantalamessa, op. Cit., Cap. 01, pág. 15).

Ainda é o pregador pessoal do Santo Padre há mais de 25 anos quem nos diz mais, que a pregação cristã nos primeiros fatos estava baseada em dois fatos, em duas verdades a saber: Jesus morreu e Jesus ressuscitou. Em breve, os fatos passaram a vir acompanhado de sua principal significação: Jesus morreu por nossos pecados; Jesus ressuscitou para nossa justificação. Mas ainda seria necessário perguntar-se o porquê disso, da morte por nossos pecados e ressurreição para nossa justificação. E a resposta última seria, inevitavelmente, porque Deus nos ama. Da mesma forma, buscando os porquês de tudo, chegamos à razão definitiva que será sempre o amor de Deus. Essa verdade fundamental não precisa de razão anterior, porque é a razão de si mesma e nada lhe é anterior. Deus nos ama. Aleluia! (Cf., Cantalamessa, Raniero, O Poder da Cruz, 4.ª ed., 2006, São Paulo, Cap. 02, pág. 17-18).

Talvez essa realidade nos faça compreender um pouco mais profundamente o que quer dizer a eternidade do amor de Deus. O Catecismo no-lo diz: "O amor de Deus é 'eterno' (Is 54,8)" (Cat. n.° 220). Se compreendemos essa verdade de que o amor de Deus é como que essa verdade fundamental última, que responde a todas as outras, que sustenta a todos os questionamentos e verdades, que sustenta tudo que existe, chegamos a conclusão que Deus mesmo e Seu amor, já que Ele mesmo é amor, são anteriores a tudo mais e perpassam tudo mais, sustentam tudo mais. Sim, não há como o amor de Deus não ser "eterno", se é anterior a tudo. Da mesma forma, sobreviverá a tudo mais sendo a realidade última: "O amor jamais acabará" (1Cor 13,8).

Há uma reflexão muito pessoal que decorre dessa característica da eternidade do amor de Deus (já vimos umas tantas características do amor de Deus, como sua pessoalidade, sua incondicionalidade, quando falamos da característica materna, da sua correção, quando falamos da característica paterna...). Trata-se do fato de ser sempre o Senhor quem toma a iniciativa, anterior, de nos amar. Por vezes pensamos que estamos em meio a muitas coisas e nos lembramos de rezar, crendo que nós iniciamos o diálogo com Ele. No entanto, o Senhor está sempre, eternamente e a cada momento nos chamando ao encontro com Ele. Por vezes podemos pensar que somos nós quem fizemos um sacrifício e passamos a amar a Deus, mas Seu amor é muito anterior, é eterno, pe desde sempre.

Nunca chegamos em um momento em que temos um crédito diante de Deus, como se disséssemos: "Fiz isso, agora Deus me deve aquilo". Não! Tudo recebemos de Deus. Mesmo os dons pessoais que nos permitiram as conquistas que eventualmente julgamos ser nossas: inteligência, força, habilidade, musicalidade, dons artísticos e esportivos, eloqüência, liderança, organização, qualquer dom, que leve a qualquer conquista, cargos, dinheiro, poder, visibilidade, fama, reconhecimento, estabilidade... tudo foi dado pelo Senhor, tudo é dEle, tudo decorre do Seu amor, que é anterior a tudo.
Dessa verdade, talvez não seja possível imaginar testemunho maior que o de Jô, de quem Deus tudo tirou, mas que "apesar de tudo, Jô não pecou com seus lábios" (Jô, 2,10c). É ele quem nos testemunha, na Sagrada Escritura: "Nu, saí do ventre de minha mãe e nu, voltarei para lá. O Senhor deu, o Senhor tirou; como foi do agrado do Senhor, assim aconteceu. Seja bendito o nome do Senhor! (...) Se recebemos de Deus oe bens, não deveríamos receber também os males?" (Jó 1,21.2,10)

Paremos por aqui, para seguirmos meditando nessa realidade, e aprendendo a agradecer sempre por tudo o que o Senhor nos deu em Seu amor. Todo o bem veio dEle. Tudo recebemos gratuitamente. Somos eternamente devedores do Senhor Deus que nos ama. Bendito seja o Senhor! Aleluia.

Manoel Guimarães,
Comunidade Paz & Mel.

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